Nome: Paula Gabriela Lozano
ATIVIDADE 4 PERIGO NA REDE
É impossível ir contra o fato de que as relações sociais criaram formas de se estabelecer pelos canais de tecnologia, ao logo das duas últimas décadas. Mas será que a sociedade está preparada para educar os filhos da internet? Os perigos do convívio das crianças e adolescentes na web mostram-se crescentes a cada novo caso noticiado pela mídia. Quando o espaço virtual gera um mundo de fantasias, e os pais não estão preparados para orientar meninos e meninas, brincadeiras e divisão transformam-se em armadilhas.
Caxias do Sul – difícil encontrar sentido na vida quando algo dá errado. Seria tão melhor não ter nenhum defeito.
Falar com desenvoltura, esbanjar o cabelo mais liso, olhos claros, lábios mais finos, mais grossos...
Perfeito seria evitar que as pessoas nos conhecessem como somos , mas nos concebessem da maneira que gostaríamos de ser vistos.
Esse tipo de pensamento permeia o universo adolescente, pré-adolescente e até infantil. A esses impulsivos e imediatistas iniciantes da vida, as facilidades em esconder-se no mundo virtual tornam-se uma armadilha camuflada em meio a tantas novidades,
Sistemas de conversação online, a exemplo do MSN, e de relacionamentos como o Orkut, são alguns destes divertidos e ao mesmo tempo arriscados instrumentos. E essa realidade de perigo é constante no Brasil. Quando uma adolescente deixa a sua casa, atravessa Estados para se encontrar com sua amiga da Internet, o mundo real e o virtual se conectam em forma de ameaça às famílias. Até que ponto a educação de pai para filho é insuficiente diante das portas que se abre a cada dia com novas tecnologias?
O caso recente notificado na imprensa nacional da garota paulista de 15 anos que foi encontrar na vida real sua parceira virtual em Bento Gonçalves impressiona pela determinação. A adolescente Fernanda Dias Fernandes chegou a percorrer nove quilômetros a pé e pegar carona com caminhoneiros para chegar ao seu destino, na Serra Gaúcha. Na verdade, não era o encontro com a amiga seu principal objetivo. Ela queria fugir de casa por que tinha medo de ser reprimida pela mãe ao contar à família que perdera o celular.
Diante desse quadro, cabe a pergunta: seriam as ferramentas de conversação e de relacionamento os principais vilões aos adolescentes? Ou a tecnologia apresenta-se apenas como mais uma das diversas válvulas de escape que crianças e adolescentes têm para correr dos problemas.
A resposta dos especialistas aponta para a segunda hipótese. A imersão na internet indica que algo na vida destes adolescentes não vai bem. O frenesi pela vida virtual mostra somente a ponta de um problema maior e bastante real.
O uso abusivo começa a caracterizar um tipo de dependência. Entretanto, isso é consequência de um desequilíbrio psicológico, uma porta aberta indicando que não está correto. São pessoas que tem problema e precisam de uma válvula de escape – explica o psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, 45, coordenador do ambulatório integrado dos transtornos do impulso do Hospital das Clínicas de São Paulo.
Qualquer um pode ter uma imagem de pessoa feliz e de sucesso com fotos postadas no Orkut de viagens ao Exterior, sorrisos em festas etc. Mas como saber se aquela pessoa, de brincos dourados, jaqueta cuidadosamente rasgada nos ombros e bolsa da moda é realmente assim?
Vivenciar estereótipos, personagens ideais de sucesso e poder é um recurso recorrente de crianças e adolescentes em sites de relacionamento e ferramentas de conversão na internet.
Com problemas de auto-estima, o usuário não consegue falar direito, por exemplo, ou se relacionar na vida real. Então, ele se esconde atrás da tela do computador e reformula sua personalidade. Preferir a vida virtual é muito mais prazeroso, pois é um lugar onde não há dificuldades, vergonhas, timidez – relaciona Nabuco.
Mesmo em 2008 e com a internet disseminada desde a década de 1990, o grande dilema em educar os filhos para o convívio social na web reside na falta de experiência e de conhecimento dos pais sobre essas ferramentas tecnológicas.
A realidade de crianças e adolescentes de hoje é diferente da vivida pelos pais. No recreio ou nas festas, eles não trocam mais o número do telefone, mas o endereço do MSN. Esse é um recurso social dos dias de hoje. Os pais têm dificuldade em mensurar o quanto navegar na internet é saudável. Não é como o álcool, por exemplo – compara o psicólogo.
Contra a dependência – O doutor Nabuco coordena um grupo de trabalho pioneiro no Brasil. Ele trata da ressociabilização de dependentes de internet no Hospital das Clínicas de São Paulo.
Atualmente, há dois grupos de 15 pessoas em tratamento. Durante quatro meses e meio, os pacientes são acompanhados por psicólogos e psiquiatras em sessões em grupos, uma vez por semana.
Ao contrário dos tratamentos de alcoolismo, nos quais o usuário é obrigado a largar o vício, nós preferimos não proibir o acesso ao computador, mas sim reeducar esse uso. Mesmo porque, em qualquer lugar há internet e seria muito difícil que o paciente conseguisse se controlar – evidenciou.
Expondo seus casos em grupo, os dependentes passam a perceber que não são os únicos a enfrentar os problemas com o vício.
Iremos começar em breve um grupo específico de adolescentes, também formado por 15 indivíduos – adiantou Nabuco.
Mais
O que é o Orkut?
Ferramenta de relacionamentos da Internet, na qual as pessoas criam perfis mostrando suas características pessoais e fotos. Há como procurar por outras pessoas e se cadastrar em assuntos, chamados comunidades, com os quais o usuário tem afinidade. Os brasileiros são os maiores usuários do Orkut, cerca de 53% do total.
O que é o MSN?
O MSN é um apelido para o programa Messenger, da Microsoft. Nele, usuários cadastrados se comunicam, em tempo real, por meio de mensagens.
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